PROJETO DE PESQUISA






PROJETO DE PESQUISA: Olimpíadas Rio-2016: a espetacularização do esporte globalizado

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
UnU GOIÂNIA - ESEFFEGO

Oimpíadas Rio 2016: a espetacularização do esporte globalizado
Coordenador: Ms. Renato Coelho


1.    TÍTULO

Olímpiadas Rio-2016: a espetacularização do esporte globalizado

2.    INTRODUÇÃO

No final do século XIX, a aristocracia européia, sob a liderança do barão de Coubertin, (Pierre de Coubertin) decide promover um resgate da herança dos Jogos Olímpicos que eram praticados na Grécia Antiga. Com o discurso burguês pautado no amadorismo, na disciplina e na virilidade, o esporte olímpico moderno já nasce fortemente elitizado.

O “esporte moderno” se coloca, então, como algo inteiramente novo e diferente em relação às atividades normalmente apresentadas como suas “ancestrais”. Vale notar, nesse discurso de uma suposta re(?)naissanse em relação ao jogos da Antiguidade, a sustentação de uma herança seletiva, que invoca apenas os aspectos considerados gloriosos pela ética burguesa e deixa de lado aqueles “pouco éticos” ou “não civilizados”, segundo padrões morais da sociedade moderna – como, por exemplo, o alto grau de tolerância à violência física. (OLIVEIRA, 2014, p.26)

A burguesia européia buscava uma nova visão para os esportes, rejeitando ao mesmo tempo os “passa tempo” e as tradições aristocráticas, como também as tradições populares, como os jogos e esportes de rua. Sendo assim, o esporte olímpico moderno refletirá os anseios desta classe média européia, pautado na formação do caráter, promoção da respeitabilidade, no patriotismo e no vigor másculo. A burguesia do século XIX irá reprimir os festivais e jogos populares como forma de moralizar, disciplinar e higienizar a sociedade, numa tentativa clara em querer instalar o “reino da sobriedade”. As feiras, os funâmbulos, a crueldade das brigas de cães, o boxe e o violento futebol, que ocupavam e obstruíam as vias públicas, escandalizavam e causavam repulsa sobre os reformistas oriundos da classe média, pois causavam ainda a distração do povo, interrompiam os negócios, e encorajavam o ócio, a extravagância, a licenciosidade e o deboche.   (LASCH, 1983, p. 144).
Apesar do discurso de desinteresse econômico e a proibição de publicidade e propaganda na realização dos jogos olímpicos modernos, contidos nas diretrizes da chamada Carta Olímpica, escrita em 1908, que estabelecia normas para a realização dos jogos olímpicos, na prática o discurso era outro, como bem observa Oliveira (2014, p. 27):

Não obstante o discurso de desinteresse econômico, a comercialização dos Jogos Olímpicos através de anúncios publicitários já se dava desde a realização de sua primeira edição, em Atenas, em 1896. Em 1920 propagandas eram introduzidas na programação impressa e em 1924 já havia painéis publicitários nos locais de competição.

Dentro desta nova lógica, o discurso desinteressado do “Olimpismo” cai em retórica, e o esporte de fato é transformado cada vez mais em mera mercadoria, atendendo aos ferozes e insaciáveis interesses do capital, para produção da mais valia e para transformação do jogo em espetáculo. Dentro desta metamorfose capitalista o esporte perde seus significados e sua magia, onde o atleta se transforma em máquina de quebrar recordes e o expectador em um cliente potencial. “A secularização do esporte, que começou tão logo ele foi pressionado para a causa do patriotismo e da formação do caráter, tornou-se completa quando o esporte  se transformou em objeto de consumo de massa” (LASCH, 1983, p. 154).
Segundo Bourdieu (1997, p.124) faz-se necessário analisar atualmente a construção social do espetáculo olímpico e de suas manifestações, afim de se compreender a sua transmutação simbólica, ou seja, a sua transformação em produto comercial sob a lógica do mercado. E é justamente dentro desta relação mercadológica, que o esporte-mercadoria, também se transforma em espetáculo, assimilado completamente pelo mundo dos espetáculos. “Em uma sociedade dominada pela produção e pelo consumo de imagens, nenhuma parte da vida pode continuar imune à invasão do espetáculo” (LASCH, 1983, p. 158)

3. JUSTIFICATIVA

O Brasil está às vésperas de sediar o maior evento esportivo do planeta, os Jogos Olímpicos de 2016, cuja sede será a cidade do Rio de Janeiro. Altos investimentos midiáticos, gastos públicos bilionários, expectativa de grandes lucros para o capital privado, profundas transformações urbanas na cidade do Rio, e a demonstração clara e evidente da transformação do esporte em produto da lógica do mercado, o chamado esporte-espetáculo. Nesta pesquisa buscaremos tomar por objeto de estudo o conjunto de campo de produção dos Jogos Olímpicos como espetáculo midiático e suas conseqüências sociais.
 Atualmente, o Comitê Olímpico Internacional (COI) se converteu em uma das maiores empresas comerciais do mundo, com orçamento anual de bilhões de dólares, e representado por grandes empresas de marcas industriais globalizadas, como Coca-Cola, Philips, Adidas, e etc, que controlam a venda dos direitos de transmissão e os direitos de patrocínio, assim como também a própria escolha das cidades sede dos eventos (BOURDIEU, 1997, p.125). Além disso, os chamados megaeventos, onde os  Jogos Olímpicos Rio-2016 se enquadram,  possuem determinadas características singulares, como por exemplo, a visibilidade planetária do evento, onde bilhões de pessoas ao redor do mundo assistem simultaneamente aos Jogos, e onde outros bilhões de telespectadores são bombardeados por propagandas meses antes de sua realização, configurando uma logística global (ROLNIK, 2014, p. 66). Além disso, nos denominados megaeventos esportivos, tudo é transformado em mercadoria,  e se torna  amplamente vendável, inclusive as próprias cidades sede dos eventos. Até 1930, segundo Rolnik (2014, p.65), os Jogos Olímpicos deixavam poucas marcas na paisagem urbana das cidades sedes, porém, a partir de 1932, a cidade de Los Angeles, produziu um marketing agregado aos jogos, que lhe rendeu grande estímulo na economia local, e ainda foi a primeira cidade sede a construir a Vila Olímpica para alojamento dos atletas participantes. Já nos jogos Olímpicos de Barcelona em 1992, a organização do megaevento esportivo promoveu a realização de um planejamento urbanístico estratégico com mudanças profundas na paisagem local, a fim de dar maior visibilidade mundial à cidade com relação aos investimentos de capitais internacionais globalizados. 
Essa nova estética urbana é denominada de urbanismo de espetáculo, que exploram os símbolos e imagens das cidades com o intuito de ampliação dos negócios e da mais valia. (Maricato, 2014, p. 23)

De lá para cá, a estratégia de desenvolvimento econômico das cidades, que inclui a renovação da infraestrutura urbana e a abertura de novas frentes de expansão imobiliária relacionadas aos Jogos, converteu-se no enfoque hegemônico da realização dos megaeventos esportivos internacionais: é o chamado “legado urbano” do evento. Agora, não são vendidas apenas os produtos associados aos Jogos, mas também a própria cidade, exposta numa vitrine global impulsionada pela mobilização de corpos e almas propiciadas pela competição esportiva (ROLNIK, 2014,
p. 67).

A cidade do Rio de Janeiro, em virtude da realização dos Jogos Olímpicos – 2016, também vem sofrendo drásticas transformações urbanísticas e sociais. Sob o discurso do “legado urbano”, os governos municipais, estaduais e federais vêm legitimando a violência contra as populações mais pobres das periferias, através das intensivas e contínuas desapropriações de moradias, da criminalização dos moradores das periferias com a criação das chamadas Unidade de Polícia Pacificadora (UPP’s), e ainda com a segregação espacial da população pobre da cidade do Rio de Janeiro, produto da especulação imobiliária provocada pelas construções do complexo de obras relacionadas aos Jogos Olímpicos.

Estão emergindo dos megaeventos cidades mais desiguais, socialmente mais segregadas, nas quais os eventuais benefícios dos investimentos realizados são apropriados pelas camadas de renda média e alta, mas sobretudo pelos detentores da propriedade fundiária e pelos capitais da promoção imobiliária. (VAINER, 2014, p.73)


Estudos demonstram que os megaeventos têm contribuído para gerar cidades mais desiguais e injustas, transferindo vultosos valores financeiros dos setores públicos para os setores privados, promovendo mudanças arquitetônicas nas cidades que atendem somente aos turistas participantes dos eventos e não a população como um todo, além da privatização dos espaços públicos.

4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O esporte moderno deve ser analisado como um fenômeno social, considerando o contexto econômico e cultural e também as contradições do mundo capitalista globalizado.

Os esportes não são isolados e afastados da vida, um “Mundo Encantado” especial onde tudo é puro e sagrado e acima de críticas, mas um negócio sujeito aos mesmos padrões e aberto ao mesmo escrutínio, como qualquer outro (...) a emergência do espetáculo como a forma predominante de expressão cultural. O que começou como uma tentativa de investir o esporte de significado religioso, de fato transformá-lo numa religião substituta por direito próprio, acaba na desmistificação do esporte, na assimilação do esporte pelo mundo dos espetáculos (LASCH, 1983, p. 160)

A sociedade atual é marcada prioritariamente pela produção e pelo consumo exacerbado de imagens e de mercadorias, onde todas as partes da vida humana (a música, a religião, a educação, o lazer, o trabalho e os esportes) não passam despercebidas do contágio e da influência do espetáculo. “O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediatizadas por imagens”. (DEBORD, 2003, p. 14)
A mídia globalizada transforma da noite para o dia, atletas das mais distintas modalidades esportivas, em pop stars, símbolos sexuais ou em celebridades internacionais. Estes atletas se transformam em modelos a serem seguidos e imitados por todos. Suas vidas pessoais são esmiuçadas, seus objetos de consumo são ostentados, e seus patrocinadores os transformam em verdadeiros símbolos ligados a suas marcas comerciais. “Os melhores atletas tornam-se celebridades dos meios de comunicação da massa e suplementam seus salários com endossos que geralmente excedem os próprios salários” (LASCH, 1983, p.154).
O processo de mercadorização e a consequente espetacularização do esporte traz  consigo a perda da magia e do encanto do jogar. Os sentidos e significados dos esportes são totalmente aniquilados frente às exigências ferozes e pragmáticas do mercado capitalista. O culto exacerbado da vitória transformam os esportes em um vale tudo, onde os adversários tornam-se verdadeiros inimigos, e a palavra vencer em sinônimo de destruir ou matar. As regras tradicionais dos jogos são modificadas para atender às vorazes exigências dos programas televisivos. A competência, o mérito e a ética dão lugar à concorrência e ao aniquilamento do outro. Todas estas transformações do esporte moderno, tem como pano de fundo a espetacularização da sociedade capitalista, que ao criar símbolos imagéticos, são capazes de amplificar as capacidades de consumo dentro de um  mercado globalizado.

A televisão ampliou a audiência dos esportes, ao mesmo tempo em que diminuiu o nível de sua compreensão (...). A televisão redistribui o calendário atlético e assim privou os esportes de sua ligação familiar com as estações, diminuindo seu poder de alusão e de rememoração (LASCH, 1983, p.140-141)

A produção em massa de mercadorias se dá através da exploração da força de trabalho do operário, que vende seu corpo, e em troca recebe o seu mísero salário. Nesta relação de exploração capitalista, entre patrão e empregado, é onde surge a mais valia, ou seja, o lucro do proprietário dos meios de produção. Quanto maior for a exploração, maior será, ao final do processo, os ganhos patronais. Neste momento se define a condição de proletarização do trabalhador no sistema capitalista de produção.

Com a separação generalizada do trabalhador daquilo que ele produz perde-se todo o ponto de vista unitário sobre a atividade realizada, perde-se toda a comunicação pessoal direta entre os produtores. Na senda do progresso da acumulação dos produtos separados, e da concentração do processo produtivo, a unidade e a comunicação tornam-se atribuições exclusivas da direção do sistema. O êxito do sistema econômico da separação significa a proletarização do mundo (DEBORD, 2003, p. 23-24)

Entretanto, quando se analisa uma economia globalizada, formada por vários conglomerados empresariais e industriais internacionais, onde a produção se dá também em escala de nível global, envolvendo milhares de cidades e centenas de países situados em todos os continentes da terra, a exploração (extração da mais valia do proletário) se dá também a nível global, onde o consumo planetário deve vir a reboque dos símbolos e das representações globais. Daí surge a importância estratégica na promoção e no desenvolvimento dos megaeventos, que são capazes de amplificar o poder de alcance midiático de produtos e de mercadorias a serem consumidas em escala de bilhões de clientes ao redor do planeta e, além disso, ampliam a exploração proletária, ao escolherem países pobres, que possuem mão de obra barata (ou até mesmo trabalho escravo) e ainda códigos trabalhistas flexíveis, para permitirem a produção em massa de mercadorias a serem comercializadas nestes eventos globalizados.

A ascensão dos esportes de audiência à sua atual importância coincide historicamente com a ascensão da produção em massa, que intensifica as necessidades a que o esporte satisfaz, enquanto cria a capacidade técnica e promocional de comercializar competições para uma vasta audiência. Contudo, de acordo com uma crítica ao esporte moderno, estes mesmos desenvolvimentos destruíram o valor do esporte. A comercialização transformou o jogo em trabalho, subordinou o prazer do atleta ao do espectador e reduziu o próprio espectador a uma estado de passividade vegetativa. (LASCH, 1983, p.136)

Quando se analisa os chamados megaeventos esportivos, não somente o esporte é travestido em mercadoria, mas também as próprias cidades sedes, onde ocorrem estes eventos.  Para o capital globalizado tudo pode ser transformado em fonte de lucros, inclusive uma cidade inteira, desde que seja decodificada em imagem ou marca, para em seguida se tornar uma representação midiática, ou seja, a espetacularização da vida se torna um fator imprescindível para se alcançar mercados globalizados e lucros infinitos.

A todo o tempo os promotores dos megaeventos proclamam estar em busca de produzir e projetar novas imagens e representações acerca das cidades, de modo a situá-las no mercado global de cidades, onde se disputam capitais, turistas, eventos e etc. Nesse sentido, prometem como legado cidades competitivas em escala global (VAINER, 2014, p. 76)

A espetacularização desenfreada dos esportes, tem como paradigma principal os jogos olímpicos, que além de promover o total aniquilamento das convenções e tradições esportivas, devido as exigências do próprio mercado, também promovem o surgimento dos chamados homens-máquinas, atletas de alto rendimento, cujas vidas são dedicadas única e exclusivamente aos treinamentos autoritários e dolorosos e à quebra de recordes, onde muita das vezes são obrigados a utilizarem de medicamentos ilegais para melhora do desempenho, a fim de garantir a continuidade da performance e dos patrocínios.

Seria preciso enfim analisar os diferentes efeitos da intensificação da competição entre as nações que a televisão produziu através da planetarização do espetáculo olímpico, como o aparecimento de uma política esportiva dos Estados orientada para os sucessos internacionais, a exploração simbólica e econômica das vitórias e a industrialização da produção esportiva que implica o recurso doping e as formas autoritárias de treinamento (BORDIEU, 1997, p.126).


Sendo assim, vemos que existe um universo de ações ocultas nas transmissões dos Jogos Olímpicos, e que se tornam completamente invisíveis aos telespectadores mais desavisados. Entretanto, esta é uma das claras intenções dos instrumentos midiáticos ligados à reprodução capitalista, ou seja, esconder os reais interesses dos jogos mercantilizados, camuflados dentro dos chamados megaeventos esportivos, e ainda o de desvirtuar os verdadeiros sentidos e significados dos esportes, como expressão de uma construção histórica humana.


5. OBJETIVOS

5.1 Objetivo Geral

Analisar a construção social do espetáculo olímpico nos Jogos Olímpicos do Rio-2016.

5.2 Objetivos Específicos

·         Resgatar a origem e o desenvolvimento histórico do Olimpismo;
·         Compreender as relações entre esporte, mídia  e as Olimpíadas;
·         Compreender o surgimento e as características dos Megaeventos;
·         Investigar o esporte moderno no contexto do capitalismo globalizado;
·         Compreender as representações e as imagens do esporte nas Olimpíadas Rio 2016;
·         Analisar a produção da imagem midiática do esporte espetáculo nas Olimpíadas Rio-2016.


6. METAS

Criação de grupo de estudo com o tema em questão, cujos integrantes sejam constituídos por professores e alunos da UEG;
Participação em congressos e eventos nacionais e internacionais, com envio de publicações científicas;
Publicação de artigos científicos em periódicos nacionais relacionados à área de pesquisa;
Orientação de alunos bolsistas PIBIC-UEG e também de projetos de monografias de alunos do curso de licenciatura em educação física da UEG – UnU Goiânia Eseffego;
Promoção de palestras, debates, mesas de discussões e conferências sobre o eixo temático da pesquisa, a fim de socializar e publicizar os conhecimentos junto à comunidade universitária e à comunidade em geral;
Articular os projetos de pesquisas aos projetos de extensão relacionados à temática da pesquisa;
Construção de um documentário sobre o esporte espetáculo e as Olimpíadas Rio 2016;
Criação de um BLOG para divulgação das pesquisas, para publicização dos dados e análises, e ainda como ferramenta de comunicação e intercâmbio com a comunidade nacional e internacional.


7. METODOLOGIA

Neste trabalho realizaremos uma pesquisa do tipo qualitativa, onde segundo Minayo (2002) a análise qualitativa diz respeito ao aprofundamento no mundo do significado das ações e relações humanas, na tentativa de superação de uma leitura de mundo de forma estática e mecânica, pois se deve compreender o mundo social como sendo dinâmico, transitório e contraditório.
A metodologia adotada para o trabalho será a pesquisa participante, onde segundo Schmidt (2006) o termo participante diz respeito à introdução de um pesquisador dentro do campo de investigação formado pela vida social e cultural de um outro, que, por sua vez, é convocado a participar da pesquisa na qualidade de sujeito.
O termo participante remete à controvertida presença de um pesquisador num campo de investigação formado pela vida cotidiana de indivíduos, grupos, comunidades ou instituições próximas ou distantes. Esta presença do pesquisador no campo encontra sua complementação no convite ou convocação do outro – indivíduo – para participar da investigação como informante, colaborador ou interlocutor. (SCHMIDT, 2008, p. 394)
Nesse sentido o sujeito-pesquisador foca seus estudos na interpretação dos sentidos e significados dos modos de viver, sentir e pensar dos sujeitos-pesquisados, constituindo assim uma pluralidade de mundos e pensamentos que coexistem de forma singular e colaborativa. Logo, todos os sujeitos que compõe a pesquisa se tornam “parceiros intelectuais”, para que conjuntamente se possa compreender e interpretar os fenômenos vivenciados. (SCHMIDT, 2008, p.394)
A pesquisa participante se caracteriza como sendo uma forma dialógica de interlocução cultural e social, onde o ser pesquisado deixa de ser mero objeto e também passa a ter voz e ação dentro da construção da própria pesquisa. (SCHMIDT, 2008, p.395). Na pesquisa participante encontramos com variadas e diferentes falas e interpretações sobre as diferentes nuanças de um mesmo fenômeno estudado, colaborando também para o desmascaramento das relações de poder entre os próprios sujeitos da pesquisa e o descortinamento pleno dos sentidos e significados da pesquisa, tornando-a verdadeiro instrumento de descoberta e de emancipação dos participantes.
A coleta de dados será construída através de entrevistas semi-estruturadas com espectadores dos Jogos Olímpicos Rio 2016, espectadores de transmissões de TV e também da internet, escolhidos dentre alunos, professores e funcionários da UEG UnU Goiânia ESEFFEGO. A entrevista semi-diretiva está situada num nível intermediário entre aquelas em que o entrevistador estrutura a entrevista a partir de um objeto de estudo definido (entrevista estruturada) e entre o outro pólo, onde o entrevistador favorece a expressão mais livre do seu interlocutor, intervindo o menos possível (entrevista não estruturada). Serão utilizadas também câmeras de vídeo para realização de filmagens das manifestações e das entrevistas, pretende-se também ao final a construção de uma documentário sobre o tema da pesquisa em questão.


8. CONTRIBUIÇÕES CIENTÍFICAS

As contribuições científicas deste projeto estão relacionadas a uma análise crítica sobre a realização dos megaeventos esportivos, em específico os Jogos Olímpicos Rio 2016, a ser realizado no Brasil no ano de 2016. A intenção é realizar um descortinamento das representações e intenções ocultas nos espetáculos midiáticos relacionados aos mega eventos esportivos, tentando enxergar além do que é televisionado. Realizaremos um processo de análise da construção-desconstrução simbólica do espetáculo olímpico (Rio 2016), afim de compreender a transmutação simbólica situada dentro das manifestações dos jogos através da mídia. Investigaremos a produção da imagem televisiva e de internet do espetáculo olímpico, que transforma os esportes em produtos comerciais dentro da chamada lógica de mercado.

O referencial oculto é o conjunto das representações desse espetáculo filmado e divulgado pelas televisões, seleções nacionais efetuadas no material em aparência nacionalmente indiferenciado, que é oferecido no estádio. Objeto duplamente oculto, já que ninguém o vê na sua totalidade e ninguém vê que ele não é visto, podendo cada telespectador ter a ilusão de ver o espetáculo olímpico em sua verdade. (BORDIEU, 1997, p.123)

O conceito de mídia dentro desta pesquisa, além de representar os meios televisivos, jornalísticos e de internet,  é ampliado dentro da definição de Noam Chomsky, utilizado em sua obra “Mídia: propaganda política e manipulação. São Paulo: MWF Martins Fontes, 2013”, onde o mesmo define que: “Pretendo que o termo mídia seja entendido em sentido bem amplo, incluindo os periódicos de ensaios, de análises e de opinião, na verdade, a cultura acadêmica de maneira geral. (p.71)”
Acreditamos que tais contribuições, no âmbito da crítica científica, se tornam relevantes e atuais, diante do fato do Brasil ser o próximo país sede deste megaevento esportivo, e também diante das contradições envolvidas na realização deste evento em um país pobre e  repleto de desigualdades sociais, e que ainda carece inclusive de investimentos e de políticas públicas eficazes no âmbito do esporte e do lazer.


9. INFRAESTRUTURA E APOIO TÉCNICO PARA DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

Este projeto de pesquisa será organizado e coordenado na UEG – UnU Goiânia ESEFFEGO. A primeira etapa que será o chamado Estado da Arte e a realização das pesquisas bibliográficas serão realizadas na  UEG – UnU Goiânia ESEFFEGO, através da utilização da biblioteca e de ferramentas de pesquisa virtuais (internet). A pesquisa de campo (pesquisa-participante) será junto aos espectadores dos Jogos Olímpicos Rio – 2016, , no caso entre alunos, professores e funcionários da UEG UnU Goiânia ESEFFEGO, que assistirão aos jogos pela TV ou pela internet.   A organização, categorização  e análise de dados coletados nas formas de entrevistas, imagens e vídeos serão também concretizadas na própria UnU Goiânia ESEFFEGO a posterior.
Fazer-se-á necessário a disponibilidade de:
 01 sala para o desenvolvimento do projeto e para dar apoio à pesquisa, no sentido de garantir aos sujeitos envolvidos neste trabalho, sendo um espaço de interação e socialização para garantia de encontros, discussões e estudos.
01 computador com internet e 01 impressora, para pesquisa de dados, confecção de relatórios e painéis.
Acervo bibliográfico de livros, revistas científicas e biblioteca virtual.


10. CRONOGRAMA


Atividades
2015 – 2017/Mês


10º
11º
12º


Escolha do tema
X













Desenvolvimento do problema
X













Definição dos objetivos
X













Pesquisa Bibliográfica
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X


Estabelecimento do contato com alunos e professores e funcionários


X
X
X
X
X







Planejamento da observação e da entrevista






X
X






Apresentação do tema da pesquisa aos professores, funcionários e alunos






X







Elaboração das perguntas para entrevista semi-estruturada







X






Coleta de dados








X
X
X



Tratamento e sistematização dos dados










X
X


Análise e interpretação dos dados











X




Atividades
2015 - 2016/Mês

13
14º
15º
16º
17
18°
19°
20º
21º
22º
23°
24º

Redação do trabalho
X
X











Revisão e redação final


X










Conclusões



X
X








Relatório Final





X







Produção de artigos






X
X
X




Apresentação pública









X



Relatório final










X
X






































































 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BORDIEU, P.  Sobre a Televisão. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.
CHIZZOTTI, Antônio. Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo: Cortez, 2001.
CHOMSKY, N. Mídia: propaganda política e manipulação. São Paulo: MWF Martins Fontes, 2013.
DEBORD, G. A Sociedade do Espetáculo. São Paulo: Coletivo Periferia, 2003.
HARVEY, D. Cidades Rebeldes: do direito à cidade à revolução urbana.São Paulo: Martins Fontes, 2014.
JENNINGS, A.  [org]. Brasil em Jogo: o que fica da Copa e das Olimpíadas?. São Paulo: Boitempo: Carta Maior, 2014.
LASCH, C. A Cultura do Narcisismo: a vida americana numa era de esperança em declínio. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1983.
MARICATO,  E. A Copa do Mundo no Brasil: tsunami de capitais aprofunda a desigualdade urbana. In: JENNINGS, A.  [org]. Brasil em Jogo: o que fica da Copa e das Olimpíadas?. São Paulo: Boitempo: Carta Maior, 2014.
MINAYO, M.C.S. (Org.).Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 2002.
OLIVEIRA, N. G. Jogo Espetáculo, Jogo Negócio. In: JENNINGS, A.  [org]. Brasil em Jogo: o que fica da Copa e das Olimpíadas?. São Paulo: Boitempo: Carta Maior, 2014.
ROLNIK, R. Megaeventos: direito à moradia em cidade à venda. In: JENNINGS, A.  [org]. Brasil em Jogo: o que fica da Copa e das Olimpíadas?. São Paulo: Boitempo: Carta Maior, 2014.
SCHMIDT, M.L.S. Pesquisa Participante e Formação Ética do Pesquisador na Área da Saúde. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.13, n.2, abr. 2008.
_______________. Pesquisa Participante: alteridade e comunidades interpretativas. Psicologia USP, São Paulo, v.17, n.2 jun. 2006.
TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em
educação. São Paulo, 2007.

VAINER, C. Como serão nossas cidades após a Copa e as Olimpíadas? In: JENNINGS, A.  [org]. Brasil em Jogo: o que fica da Copa e das Olimpíadas?. São Paulo: Boitempo: Carta Maior, 2014.

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