terça-feira, 2 de agosto de 2016

Zonas de Segregação na RIO 2016: Interdição e Exclusão na cidade do Rio de Janeiro

"O espetáculo é o momento em que a mercadoria ocupou totalmente a vida social. Não apenas a relação com a mercadoria é visível, mas não se consegue ver nada além dela: o mundo que se vê é o seu mundo. A produção econômica moderna espalha, extensa e intensivamente a sua ditadura."                                                                                           (Guy Debord)


Restrições de veículos na cidade do Rio de Janeiro antes e durante
a realização das Olimpíadas
Da mesma forma em que ocorreu na COPA 2014 quando as multinacionais patrocinadoras do futebol mercantilizado juntamente com os cartolas da FIFA e ainda com o aval do Estado brasileiro criaram as chamadas zonas de exclusão em torno das 12 recém inauguradas arenas do futebol, proibindo a circulação e a venda de produtos não autorizados num raio de 2 Km em volta das próprias arenas "padrão FIFA" Assim também ocorre atualmente no Rio de Janeiro, porém em uma proporção infinitamente maior do que aquela, já que são várias arenas esportivas em apenas uma única cidade, o que amplia ainda mais o raio de ação das zonas de exclusão. Diferentemente do que ocorreu na Copa de 2014 no Brasil, onde se tinham 12 cidades sedes para realização de todos os jogos, agora na RIO 2016 uma cidade inteira se torna zona de exclusão total. 
Restrições ao tráfego de carros e ônibus na
Região da Barra da Tijuca

As chamadas zonas de exclusão são áreas criadas com o intuito de privatizar os espaços públicos e torná-los de uso exclusivo para aqueles que podem comprar os ingressos ou que trabalhem na organização dos mega eventos. Além de ter o financiamento com dinheiro público para construções das praças esportivas e  gastos governamentais para toda a realização dos eventos, o próprio espaço que até então era público, torna-se durante os eventos esportivos regiões totalmente privatizadas e possuidoras de leis próprias que anulam as leis municipais e ferem o projeto do plano diretor das cidades. Surge assim durante estes mega eventos um verdadeiro "Estado de Exceção" para o espetáculo das mercadorias. As arbitrariedades vão desde a proibição de circulação de quaisquer pessoas não autorizadas; à venda exclusiva de produtos das marcas dos patrocinadores em todo o perímetro das zonas de exclusão; a criação das faixas exclusivas para veículos da "família olímpica" nas ruas e avenidas da cidade. 


Funcionamento das faixas olímpicas nas ruas
e avenidas do Rio de Janeiro

As consequências são graves como as mudanças drásticas no trânsito, alterações e cancelamento de várias linhas de ônibus e multas pesadas com pontos de infração  nas carteiras de motoristas para aqueles que desobedecerem as novas regras. Nem mesmo os cariocas ou os turistas terão mobilidade livre na capital dos jogos olímpicos, a não ser que tenham os ingressos em mãos ou o crachá de credencial pendurado ao pescoço. É o que podemos chamar literalmente de a ditadura das mercadorias.
As mudanças urbanas na cidade do Rio de Janeiro, como por exemplo as alterações no trânsito não priorizam as demandas e necessidades principais ou mais urgentes da população local, mas são feitas apenas para garantir o bom funcionamento e a logística do mega evento Jogos Olímpicos. Tais mudanças são feitas sem consulta à população (até mesmo sem aviso) ou se quer obedecem ao plano diretor da cidade.




A zona de exclusão na região de Deodoro durante a realização
 dos Jogos Olímpicos no Rio



Às vésperas do início dos Jogos, a população da cidade do Rio tem enfrentado congestionamentos quilométricos acima de 100km e com velocidade média dos carros de 12Km/h. Se o trânsito no Rio de Janeiro já era um verdadeiro caos, imaginem agora em dias de olimpíadas.  Tais transtornos estão obrigando a prefeitura a decretar vários dias de feriado municipal, mais feriados do que já se tinha previsto anteriormente nos dias dos jogos. A implantação das "faixas olímpicas" também tem produzido transtornos no trânsito da cidade como engarrafamentos gigantescos na Linha Amarela, no centro e na Barra da Tijuca.
A própria arquitetura das cidades e também a sua malha viária são radicalmente alteradas com graves prejuízos e transtornos aos munícipes, pois o que conta não é o bem estar ou a mobilidade dos cidadãos, mas sim alterar ao máximo as estruturas urbanas a fim de garantir a realização dos mega eventos e também a intenção clara em transformar a própria cidade do Rio de Janeiro em uma mega-mercadoria a ser vendida e consumida por telespectadores em todo o mundo e garantir o mais valor aos detentores do capital internacional que estão preocupados apenas com um único legado: o lucro. 
Rio: a cidade maravilha do capital global!


QUE COMECEM OS JOGOS!

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