sábado, 20 de agosto de 2016

Higienismo, preconceito e violência na Rio 2016

Um mundo novo? (fonte: facebook.com.br  # criação/montagem)



"Cachorrada doentia do Joá
Cachorrada doentia São Cristovão
Cachorrada doentia Bonsucesso
Cachorrada doentia Madureira
Cachorrada doentia da Rocinha
Cachorrada doentia do Estácio
Na cidade sangue quente
Na cidade maravilha mutante
Rio 40 graus"
(Fernanda Abreu)

Durante a realização das Olimpíadas na cidade do Rio de Janeiro, a prefeitura carioca promoveu a retirada em massa de mendigos, moradores de rua e travestis do centro da cidade e de bairros turísticos como a Lapa, a fim de que os mesmos não sejam notados pelos turistas ou pelas filmadoras das empresas de TV do mundo inteiro instaladas na cidade durante os dias dos jogos.
Não se viu nenhum mendigo no Rio durante
os Jogos Rio 2016 . Por que será?
A política higienista deliberada pela prefeitura carioca já havia sido iniciado muito antes de começar os Jogos da Rio 2016 com as demolições e despejos de mais de 70 mil pessoas moradoras de locais onde hoje estão construídas as Arenas e também o Boulevard Olímpico no centro. Para expulsar os mendigos da cidade a prefeitura carioca proibiu a distribuição de comida ("sopão solidário") pelas igrejas aos moradores de rua de forma e impedir a permanência dos mesmos em locais importantes da cidade como o Centro e a Lapa. 
Moradores de rua na região central do Rio
dias antes de iniciarem  dos Jogos Olímpicos.
As igrejas ao concordarem com as normas da prefeitura acabaram deixando os mendigos, travestis e demais moradores de rua da cidade famintos e sem condições de permanecerem em tais áreas. Existe há mais de dez anos vários projetos filantrópicos que atuam no fornecimento de alimentos para pessoas em estado de vulnerabilidade na cidade do Rio. Em sua maioria estes projetos assistenciais são realizados pela igreja católica carioca. Ao cancelarem o fornecimento de alimentos a estes indivíduos, a Igreja juntamente com a prefeitura do Rio criaram um estado de fome geral entre os moradores de rua, já que os mesmos dependiam exclusivamente desta ação gratuita por parte da igreja para se alimentarem.
Morador de rua no Centro do Rio em julho de 2016
Morar na rua já é em si algo desumano e a situação se torna mais grave ainda quando não há o que comer. Uma cidade que gastou cerca de R$ 45 bilhões para sediar as Olimpíadas, permite que seus cidadãos não tenham moradia digna ou mesmo alimentação diária, itens fundamentais para a sobrevivência humana. Esta situação é ainda mais revoltante quando se sabe que foi criada de forma propositada e com o intuito de forçar a saída destas pessoas das áreas importantes da cidade para a realização dos Jogos Olímpicos.


O centro do Rio cheio de turistas durante os Jogos Olímpicos
Com o fim do "sopão" durante as Olimpíadas, os moradores de rua da cidade maravilhosa foram recolhidos pelas vans da prefeitura e levados a abrigos e albergues municipais afastados das regiões turísticas. Esta política higienista de estado foi também aplicada na cidade durante os jogos da Copa do Mundo em 2014, tornando-se assim uma prática rotineira pelo poder público na cidade do Rio.
Segundo dados da própria prefeitura do Rio de Janeiro cerca de 70 mil pessoas foram desalojadas de suas casas para a construção das arenas olímpicas, viadutos e avenidas na preparação para a Rio 2016.
Pelo fim do esporte moderno e do COI. 

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