sábado, 20 de agosto de 2016

Exploração e intensificação da precarização do trabalho na Rio 2016



Exploração do trabalho na Rio 2016: jornadas diárias de trabalho superiores a 15h.



"Eu vou pra a Barão de Mauá.
Trabalhar! Trabalhar para quê?!
Se eu trabalhar, eu vou morrer!"
(Grupo de Samba Umbando)


Ao contrário das mensagens de paz, respeito e de tolerância proclamadas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) na abertura das Olimpíadas Rio 2016, os delegados e promotores da Delegacia Regional do Trabalho vinculada ao Ministério Público do Trabalho e instalada na cidade do Rio de Janeiro, constataram inúmeras ilegalidades nos contratos de mais de 6 mil trabalhadores terceirizados  contratados para realizarem serviços variados nas repartições e arenas esportivas relacionadas aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Como se não bastasse o trabalho de mais de 60 mil voluntários que prestam serviços sem remuneração ao COI trabalhando nas arenas olímpicas e ajudando a aumentar os lucros do grande capital internacional que se esconde atrás dos símbolos e siglas olímpicas, há também na organização das Olimpíadas a precarização do trabalho com serviços terceirizados e que desrespeitam as leis trabalhistas nacionais. 


Manpower Group - Empresa de terceirização desrespeita leis trabalhistas na Rio 2016

Todos os serviços contratados pelo COI são terceirizados, o que em si já caracteriza alta precarização dos direitos trabalhistas. São trabalhadores que atuam em diversas áreas como em recepções, atendimento aos clientes, lanchonetes, limpeza, jornalismo, vigilância, marcenaria, mecânica, serviços hidráulicos e a fins. 


Adecco Brasil - Empresa de RH acusada de desrespeitar leis trabalhistas na Rio 2016 e também por assédio moral coletivo


Entretanto, segundo os próprios promotores e delegados do Ministério do Trabalho, o COI e as suas empresas vinculadas como a Man Power Group (maior empresa de terceirização de serviços do mundo) e a Food Team, ambas especializadas na organização de megaeventos desrespeitaram as leis trabalhistas brasileiras ao não realizarem os contratos temporários segundo as normas da CLT. 
Os trabalhadores foram informados inicialmente que seus contratos obedeceriam as normas previstas na legislação trabalhista segunda as normas da CLT com carteira assinada. Porém o COI e as empresas citadas realizaram uma outra forma de contratação que não obedece a CLT atual. Esta ação ilegal do COI e destas empresas  anularam direitos trabalhistas importantes como o direito à indenização, cobertura em acidentes de trabalho, carga horária diária de trabalho, remunerações, FGTS e etc.

Trabalho terceirizado e precarizado na Rio 2016.
Milhares de trabalhadores reclamam da alta carga horária diária de trabalho que ultrapassa as 15h diárias, reclamam ainda das condições insalubres dos ambientes de trabalho como exposição contínua ao Sol,  falta de intervalos de descanso e o não fornecimento de alimentação adequada com apenas cachorro-quente e refrigerante (Coca-Cola) como única forma de alimentação diária. 
A empresa Adecco Brasil é acusada de assédio moral coletivo ao obrigar que todas as camareiras e faxineiras que trabalham na Vila Olímpica deixassem as bolsas e mochilas em contêineres na portaria da área olímpica. A alegação da Adecco Brasil é que este procedimento serve para evitar roubos nos apartamentos dos atletas, ou seja, a empresa considera seus funcionários potenciais ladrões apenas por serem trabalhadores pobres e de baixa renda. Essa atitude da empresa caracteriza desrespeito ao trabalhador e assédio moral coletivo segundo a justiça brasileira. 

Almoço aos funcionários da Rio 2016: cachorro quente e refrigerante apenas
(foto-fonte: www.g1.com.br)
O COI nos Jogos Rio 2016 "antecipa" com seu discurso de "espírito olímpico" as macabras intenções do governo brasileiro em flexibilizar os direitos trabalhistas através da reforma da CLT em tramitação no Congresso Nacional e no Senado em Brasília. 
A reforma das leis trabalhistas em andamento no Brasil deverá por fim a todos os direitos dos trabalhadores e implicará na intensificação ainda maior da precarização do trabalho, permitindo assim ao grande capital internacional, onde o COI é também um dos seus grandes representantes, aumentar ainda mais o mais valor e consequentemente a exploração das empresas sobre o trabalhador brasileiro.
Pelo fim do Esporte Moderno e do COI

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