domingo, 21 de agosto de 2016

Olimpismo: o fracasso e a decadência do esporte moderno

Pira do Povo? Esporte das elites


"Mas para aprender o jogo dos ratos
Transou com deus e com o lobsomen"
    (Raul Seixas - As aventuras de Raul Seixas na cidade de Thor)

O esporte moderno surgiu na Inglaterra durante os séculos XVIII e XIX dentro de um contexto com características urbanas, higienistas e eugênicas. 
Antes porém, nas ruas e nas praças inglesas as classes mais baixas da população se divertiam através de competições e disputas caracterizadas por atividades livres, espontâneas, lúdicas, criativas, muitas das vezes violentas e ainda marcadas por muita sujeira e lama oriundas do constante contato com o chão e a terra. 
Mas com o crescimento das atividades industriais e o rápido processo de urbanização a burguesia européia impõe mecanismos de controle e vigilância dos corpos de todos os trabalhadores. As atividades de lazer deveriam  também preparar o homem para o trabalho, devendo ser também prolongamento das atividades laborais. Os jogos de rua ou mesmo as atividades circenses eram vistas como ações subversivas e perigosas para a produção e reprodução do capital em plena expansão. O movimento livre, espontâneo, desinteressado e lúdico dos jogos de rua era exatamente o inverso do movimento fabril que por sua vez era repetitivo, mecanizado, econômico e útil. Para o trabalho abstrato do capital moderno era necessário a formação de corpos servis, disciplinados, obedientes, saudáveis, fortes e especializados. 

O fracasso e a decadência do Esporte Moderno: espetáculo e mercantilização

As atividades lúdicas, violentas, sujas, descontroladas e com regras flexíveis praticadas pelas camadas populares inglesas nas ruas, nos becos e praças dos subúrbios passam a ser vistas com maus olhos pela burguesia industrial que primava apenas expandir seus negócios, suas fábricas, os lucros e consequentemente a exploração sobre os trabalhadores. Era necessário adestrar este corpo do trabalhador e prepará-lo para as atividades repetitivas, mecanizadas e alienadas das indústrias na Inglaterra e em toda a Europa. 
Sob este paradigma capitalista o novo tipo de trabalhador urbano-industrial deveria ser bem adestrado e disciplinado para se desumanizar e morrer no  ambiente fabril. As atividades corporais higiênicas, disciplinadas e regradas deveriam servir como o principal instrumento e remédio para todos os "males" e "vícios" da classe trabalhadora. 
A partir da ressignificação e incorporação das prática corporais populares com novos códigos higiênicos e moralistas (a falsa moral burguesa capitalista) surge na Inglaterra revolucionária o chamado "esporte moderno" que passa a ser uma atividade obrigatória aos jovens estudantes matriculados nas "public schools". 
A elite européia nega as atividades corporais populares consideradas imorais, sujas e violentas, porém se apropria de todos os seus códigos, princípios e regras denotando-lhe um caráter adequado aos novos padrões morais burgueses como a disciplina, a higiene, o respeito e o melhoramento da raça (eugenia). 
O esporte passa a ser então o paradigma para a formação do novo padrão de trabalhador e também uma forma de preparação do soldado para a guerra. Assim surge o esporte moderno, uma atividade inicialmente praticada e difundida nas escolas inglesas como importante instrumento de preparação e adestramento para o trabalhos nas fábricas. 
Para a burguesia européia era importante que as atividades corporais realizadas fora das fábricas pelos trabalhadores também reproduzisse os códigos e movimentos que se faziam dentro das próprias fábricas, ou seja, o tempo de lazer e de descanso do trabalhador devia servir como preparação para o próprio trabalho. O esporte e a ginástica passam a assumir esta importante função.
O esporte moderno se difunde então por todo o mundo a partir da Inglaterra. Nos outros países da Europa surge neste mesmo período o chamado Movimento Ginástico Europeu que se torna balizador das atividades corporais em todo o continente e também possuindo características higiênicas, eugênicas e de adestramento do corpo do trabalhador. No Movimento Ginástico Europeu destaca-se a Ginástica Sueca, a Ginástica Alemã e  a Ginástica Francesa, e na Inglaterra obviamente se destaca o esporte.
O esporte moderno assume então características próprias como a secularização, a sobrepujança, o recorde, a competição, o regramento e a autonomização, valores e características alicerçadas nos próprios princípios da sociedade industrial capitalista inglesa.
Já no final do século XIX e início do século XX o francês Barão de Coubertin inaugura o denominado "Olimpismo" que buscava resgatar os jogos olímpicos praticados na Grécia Antiga, mas com o objetivo apenas de difundir o esporte moderno, negando por completo todos os princípios, sentidos, valores e rituais praticados nos antigos jogos gregos.
O Barão Pierre de Coubertin cria o ponto de partida para a difusão e a intensa comercialização do esporte em escala mundial. As atividades esportivas a partir do início do século XX se transformam em mais uma importante e lucrativa mercadoria a ser publicizada e vendida em escala global. Valores como "o importante é competir" e o "jogo limpo" se tornam a partir de então apenas retórica no mundo esportivo moderno.
O esporte moderno, considerado um importante elemento da cultura corporal humana, herança da produção e do trabalho humano, e que deveria ser acessível e democratizado a todos, se torna mero espetáculo do grande capital sendo capaz de auferir lucros infinitos às grandes empresas ligadas ao entretenimento e à produção de artigos esportivos e derivados.  
Atualmente o esporte é considerado o maior fenômeno cultural humano, sendo praticado em todos os países e alvo de grande interesse de governos, Estados, empresas e indústrias multinacionais,  também considerada uma das mercadorias mais rentáveis do capitalismo globalizado atual e elemento chamariz dos principais megaeventos atuais.

Esporte Moderno: contemplação, espetáculo  e consumo

O esporte dentro da lógica do capital se torna uma mercadoria importante capaz de mobilizar nações e países em disputas, torneios e megaeventos internacionais como por exemplo a Rio 2016 que assistimos hoje. Mas ao ser transformado em mercadoria dentro da lógica da alienação, da produção de mais valor, do espetáculo e da reprodução capitalista se evidencia apenas o seu valor de troca. 
Quando o mais importante é a obtenção de lucros na venda desta valiosa mercadoria, são aniquilados princípios relevantes como "Fair Play"; "Espírito Olímpico"; "Regras do Jogo"; "Imparcialidade"; "Respeito ao adversário"; "Criatividade"; "Jogo Bonito"; "Esporte-arte", "Alegria de Jogar", sobrando apenas a fetichização da própria mercadoria, no caso o esporte. 
O que então prevalece no negócio esporte? Tão somente os resultados, o esporte-força, o doping, os resultados forjados de acordo com as bolsas de apostas e das cotações nas bolsas de valores.
Dentro da lógica da produção de mercadorias o que importa então é apenas vencer e a qualquer preço. O mais alto, mais rápido e o mais forte deve competir e vencer ainda que de forma desleal como assistimos nas olimpíadas ou nas transmissões do futebol nos finais de semana pela TV.
O capital destrói a arte de jogar, a criatividade do atleta desaparece e a alegria em jogar ou assistir a quem joga também é anulada junto com a espetacularização do esporte. O esporte sendo transformado em espetáculo é um elemento fundamental para ampliar a mercantilização, a publicização e o consumo da própria mercadoria esporte e também para a destruição plena do próprio sentido e significado do esporte. O esporte se transforma em imagem e símbolo de relações mercantis entre pessoas e empresas.
Junto com a espetacularização do esporte temos ainda o importante papel midiático que difunde os próprios interesses e valores capitalistas, sendo capazes de ampliar o alcance da espetacularização e do fetichismo da mercadoria, que mesclado com a exaltação irracional  do sentimento patriótico são capazes de promover cenas vergonhosas como a que assistimos na Rio 2016 como as constantes vaias xenofóbicas aos desportistas estrangeiros.
A nossa luta então é pelo fim do esporte moderno, seus códigos mercantis, seus valores  desumanizadores e seus princípios xenofóbicos, nacionalistas e excludentes. 
A proposição atual é o resgate do esporte, do jogo, do lúdico, da criatividade, do descontrole e da espontaneidade nas atividades corporais humanas. O verdadeiro esporte a ser jogado surgirá com o fim do esporte moderno e com a criação do esporte criativo, livre, sem bandeiras, sem nacionalidade e auto-gerido e auto-organizado pelos sujeitos desportistas e participantes. Os esportes dos povos deverá devolver a alegria e a arte perdida no esporte moderno.
Pelo fim do esporte moderno e pela extinção do COI.

Que comece o esporte livre, independente, espontâneo e criativo dos povos!
Pelo Fim do COI e do Esporte Moderno

sábado, 20 de agosto de 2016

Exploração e intensificação da precarização do trabalho na Rio 2016



Exploração do trabalho na Rio 2016: jornadas diárias de trabalho superiores a 15h.



"Eu vou pra a Barão de Mauá.
Trabalhar! Trabalhar para quê?!
Se eu trabalhar, eu vou morrer!"
(Grupo de Samba Umbando)


Ao contrário das mensagens de paz, respeito e de tolerância proclamadas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) na abertura das Olimpíadas Rio 2016, os delegados e promotores da Delegacia Regional do Trabalho vinculada ao Ministério Público do Trabalho e instalada na cidade do Rio de Janeiro, constataram inúmeras ilegalidades nos contratos de mais de 6 mil trabalhadores terceirizados  contratados para realizarem serviços variados nas repartições e arenas esportivas relacionadas aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Como se não bastasse o trabalho de mais de 60 mil voluntários que prestam serviços sem remuneração ao COI trabalhando nas arenas olímpicas e ajudando a aumentar os lucros do grande capital internacional que se esconde atrás dos símbolos e siglas olímpicas, há também na organização das Olimpíadas a precarização do trabalho com serviços terceirizados e que desrespeitam as leis trabalhistas nacionais. 


Manpower Group - Empresa de terceirização desrespeita leis trabalhistas na Rio 2016

Todos os serviços contratados pelo COI são terceirizados, o que em si já caracteriza alta precarização dos direitos trabalhistas. São trabalhadores que atuam em diversas áreas como em recepções, atendimento aos clientes, lanchonetes, limpeza, jornalismo, vigilância, marcenaria, mecânica, serviços hidráulicos e a fins. 


Adecco Brasil - Empresa de RH acusada de desrespeitar leis trabalhistas na Rio 2016 e também por assédio moral coletivo


Entretanto, segundo os próprios promotores e delegados do Ministério do Trabalho, o COI e as suas empresas vinculadas como a Man Power Group (maior empresa de terceirização de serviços do mundo) e a Food Team, ambas especializadas na organização de megaeventos desrespeitaram as leis trabalhistas brasileiras ao não realizarem os contratos temporários segundo as normas da CLT. 
Os trabalhadores foram informados inicialmente que seus contratos obedeceriam as normas previstas na legislação trabalhista segunda as normas da CLT com carteira assinada. Porém o COI e as empresas citadas realizaram uma outra forma de contratação que não obedece a CLT atual. Esta ação ilegal do COI e destas empresas  anularam direitos trabalhistas importantes como o direito à indenização, cobertura em acidentes de trabalho, carga horária diária de trabalho, remunerações, FGTS e etc.

Trabalho terceirizado e precarizado na Rio 2016.
Milhares de trabalhadores reclamam da alta carga horária diária de trabalho que ultrapassa as 15h diárias, reclamam ainda das condições insalubres dos ambientes de trabalho como exposição contínua ao Sol,  falta de intervalos de descanso e o não fornecimento de alimentação adequada com apenas cachorro-quente e refrigerante (Coca-Cola) como única forma de alimentação diária. 
A empresa Adecco Brasil é acusada de assédio moral coletivo ao obrigar que todas as camareiras e faxineiras que trabalham na Vila Olímpica deixassem as bolsas e mochilas em contêineres na portaria da área olímpica. A alegação da Adecco Brasil é que este procedimento serve para evitar roubos nos apartamentos dos atletas, ou seja, a empresa considera seus funcionários potenciais ladrões apenas por serem trabalhadores pobres e de baixa renda. Essa atitude da empresa caracteriza desrespeito ao trabalhador e assédio moral coletivo segundo a justiça brasileira. 

Almoço aos funcionários da Rio 2016: cachorro quente e refrigerante apenas
(foto-fonte: www.g1.com.br)
O COI nos Jogos Rio 2016 "antecipa" com seu discurso de "espírito olímpico" as macabras intenções do governo brasileiro em flexibilizar os direitos trabalhistas através da reforma da CLT em tramitação no Congresso Nacional e no Senado em Brasília. 
A reforma das leis trabalhistas em andamento no Brasil deverá por fim a todos os direitos dos trabalhadores e implicará na intensificação ainda maior da precarização do trabalho, permitindo assim ao grande capital internacional, onde o COI é também um dos seus grandes representantes, aumentar ainda mais o mais valor e consequentemente a exploração das empresas sobre o trabalhador brasileiro.
Pelo fim do Esporte Moderno e do COI

Higienismo, preconceito e violência na Rio 2016

Um mundo novo? (fonte: facebook.com.br  # criação/montagem)



"Cachorrada doentia do Joá
Cachorrada doentia São Cristovão
Cachorrada doentia Bonsucesso
Cachorrada doentia Madureira
Cachorrada doentia da Rocinha
Cachorrada doentia do Estácio
Na cidade sangue quente
Na cidade maravilha mutante
Rio 40 graus"
(Fernanda Abreu)

Durante a realização das Olimpíadas na cidade do Rio de Janeiro, a prefeitura carioca promoveu a retirada em massa de mendigos, moradores de rua e travestis do centro da cidade e de bairros turísticos como a Lapa, a fim de que os mesmos não sejam notados pelos turistas ou pelas filmadoras das empresas de TV do mundo inteiro instaladas na cidade durante os dias dos jogos.
Não se viu nenhum mendigo no Rio durante
os Jogos Rio 2016 . Por que será?
A política higienista deliberada pela prefeitura carioca já havia sido iniciado muito antes de começar os Jogos da Rio 2016 com as demolições e despejos de mais de 70 mil pessoas moradoras de locais onde hoje estão construídas as Arenas e também o Boulevard Olímpico no centro. Para expulsar os mendigos da cidade a prefeitura carioca proibiu a distribuição de comida ("sopão solidário") pelas igrejas aos moradores de rua de forma e impedir a permanência dos mesmos em locais importantes da cidade como o Centro e a Lapa. 
Moradores de rua na região central do Rio
dias antes de iniciarem  dos Jogos Olímpicos.
As igrejas ao concordarem com as normas da prefeitura acabaram deixando os mendigos, travestis e demais moradores de rua da cidade famintos e sem condições de permanecerem em tais áreas. Existe há mais de dez anos vários projetos filantrópicos que atuam no fornecimento de alimentos para pessoas em estado de vulnerabilidade na cidade do Rio. Em sua maioria estes projetos assistenciais são realizados pela igreja católica carioca. Ao cancelarem o fornecimento de alimentos a estes indivíduos, a Igreja juntamente com a prefeitura do Rio criaram um estado de fome geral entre os moradores de rua, já que os mesmos dependiam exclusivamente desta ação gratuita por parte da igreja para se alimentarem.
Morador de rua no Centro do Rio em julho de 2016
Morar na rua já é em si algo desumano e a situação se torna mais grave ainda quando não há o que comer. Uma cidade que gastou cerca de R$ 45 bilhões para sediar as Olimpíadas, permite que seus cidadãos não tenham moradia digna ou mesmo alimentação diária, itens fundamentais para a sobrevivência humana. Esta situação é ainda mais revoltante quando se sabe que foi criada de forma propositada e com o intuito de forçar a saída destas pessoas das áreas importantes da cidade para a realização dos Jogos Olímpicos.


O centro do Rio cheio de turistas durante os Jogos Olímpicos
Com o fim do "sopão" durante as Olimpíadas, os moradores de rua da cidade maravilhosa foram recolhidos pelas vans da prefeitura e levados a abrigos e albergues municipais afastados das regiões turísticas. Esta política higienista de estado foi também aplicada na cidade durante os jogos da Copa do Mundo em 2014, tornando-se assim uma prática rotineira pelo poder público na cidade do Rio.
Segundo dados da própria prefeitura do Rio de Janeiro cerca de 70 mil pessoas foram desalojadas de suas casas para a construção das arenas olímpicas, viadutos e avenidas na preparação para a Rio 2016.
Pelo fim do esporte moderno e do COI. 

Rio 2016: cidade maravilha, cidade mercadoria



Centro do Rio de Janeiro: a pira olímpica e a chama acesa da mercantilização do esporte

"Comando de comando submundo de madame
Comando de comando submundo da TV
Submundo deputado - submáfia aposentado
Submundo de papai - submáfia da mamãe
Submundo da vovó - submáfia criancinha
Submundo dos filhinhos"
(Rio 40 graus - Fernanda Abreu) 


Estação Parada dos Navios no Centro do Rio
Quando uma cidade se torna sede de um Megaevento como por exemplo as Olimpíadas, ela sofre uma grande transformação urbanística e social promovida pelo grande capital internacional cujas intenções óbvias são a de transformar toda a cidade em uma imensa mercadoria a ser publicizada e vendida para clientes, telespectadores, turistas e torcedores em todo o planeta. 

Caos no trânsito do Rio: região da Central do Brasil


Tais mudanças não respeitam as necessidades ou interesses locais, a própria população local não é consultada ou previamente informada sobre os futuros projetos de mudanças. As leis como os planos diretores da cidade, os direitos dos consumidores e a democratização dos espaços urbanos são colocados em segundo plano para darem lugar às imposições do grande capital com seus interesses em auferirem o maior lucro possível na realização do megaevento.

Merchandising por todos os lados no Rio
Um dos mecanismos mais eficazes para se atingir os objetivos e anseios do voraz e insaciável capital nos megaeventos é a utilização do discurso midiático juntamente com a repressão policial. Os despejos de famílias de áreas pobres e as desapropriações de moradias através de ações violentas é uma estratégia bastante comum utilizadas pelos governos locais a mando do grande capital.
Tais políticas de desapropriações em massa e também do uso da força de repressão policial foi e está sendo frequentemente observada na preparação e realização dos Jogos Olímpicos Rio 2016. O despejo das centenas de famílias da Vila Autódromo e da comunidade Vila União na cidade do Rio de Janeiro comprovam a tese de que a realização dos Megaeventos são na realidade efetivadas de forma violenta e sem a participação popular dentro de uma lógica de imposição do grande capital, onde todas as decisões são tomadas de forma verticalizada e autoritária dentro dos gabinetes das prefeituras, governos e das empresas multinacionais.

Shopping do COI a céu aberto  no centro do Rio
Quem pôde participar das Olimpíadas Rio 2016 e andar pelas ruas da cidade carioca ou nas grandes e suntuosas arenas olímpicas, observou as grandes mudanças experimentadas pela cidade ao sediar as Olimpíadas. 
Andar no centro do Rio durante os jogos era como caminhar em um imenso shopping center a céu aberto. 

Mercantilização dos espaços públicos no centro carioca
Painéis luminosos nas calçadas, balões infláveis por toda a parte, estandes de empresas construídas nas praças e avenidas e ainda com uma multidão fazendo o "vai e vem" nas ruas e calçadas congestionadas. 
Para além das mudanças observadas como as aberturas de novas avenidas, construções de corredores de ônibus (BRT), novos museus e novas construções de prédios e hotéis de luxo, têm-se também os elevados gastos públicos, o endividamento nas contas públicas e o superfaturamento de várias obras e muitas contratadas sem licitação.

Cidade à venda: Rio em "promoção"
O centro do Rio de Janeiro passou por uma revitalização de uma área outrora degradada como a região portuária da praça Mauá, que se transformou no famoso Boulevard Olímpico. Esta área, até poucos anos atrás era totalmente abandonada pela prefeitura, sem iluminação pública adequada, sem espaços de lazer e seus moradores na maioria pobres não recebiam quaisquer tipo de assistência social, sua população era na maioria composta por moradores de rua, mendigos, travestis e camelôs (vendedores informais). 

Stands de vendas espalhados pelo centro do Rio 
Entretanto com as preparações para os Jogos Olímpicos esta região central da cidade sofreu uma intensa modificação urbanística para dar lugar às instalações comerciais e de lazer para as olimpíadas, recebendo estações do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), o Museu do Futuro, revitalização da Praça Mauá, construções de vários arranha-céus de vido para sediar os novos hotéis de luxo. Tudo isso para tornar a cidade mais apresentável e vinculada a uma imagem higienicamente mais agradável aos consumidores em escala mundial. A cidade do Rio se transformou literalmente em uma mercadoria para ser apresentada e vendida ao mundo, com uma maquiagem suficiente para transformar sua imagem frente às poderosas lentes das câmeras de TV do mundo inteiro. 
Vê-se assim que o mesmo capital que deteriorou os antigos espaços urbanos do Rio, como a região central, que destruiu as paisagens e degradou a qualidade de vida dos moradores deste local, preterindo esta região para valorizar outras áreas nobres sob a lógica da especulação imobiliária, agora faz o trajeto contrário, ou seja, valorizar uma área que estava desvalorizada e dar continuidade à exploração e aos lucros, seguindo o ciclo capitalista de destruir, reconstruir e destruir.

Mudanças no centro do Rio para o Boulevard Olímpico

Mas para "embrulhar" a cidade do Rio neste imenso "papel de presente com lacinhos verde-amarelo" os moradores cariocas tiveram que pagar (e ainda estão pagando e vão continuar pagando por muito tempo) um preso muito caro. A expulsão de mendigos e travestis do centro do Rio  durante os Jogos Olímpicos, as complicações do trânsito diante das preparações e execução das obras para os Jogos, a alta especulação imobiliária que provocou aumento nos aluguéis e no custo de vida carioca, o aumento dos preços de alimentos e combustíveis e ainda o endividamento brutal do Estado do Rio de Janeiro que atualmente não possui sequer dinheiro nos cofres públicos para o pagamento dos funcionários públicos e investimentos em áreas sociais prioritárias como a saúde e educação.

Não é o Fifa Fan Fest mas o Palco Olímpico na Rio 2016: mas é a mesma coisa.


"Que terminem o Jogos rapidamente"

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Qual o legado da Rio 2016?


Estátua de Carlos Drummond de Andrade ao lado do logotipo Rio 2016 em Copacabana:
concorrência desleal para fotos?


"Cidade sangue quente
 Maravilha Mutante
O Rio é uma cidade de cidades misturadas
O Rio é uma cidade de cidades camufladas
Com governos misturados, camuflados, paralelos
Sorrateiros ocultando comandos."

 (Fernanda Abreu)

Um dos mais fortes argumentos e pretextos para inculcar no imaginário popular a aceitação para sediar um mega-evento, seja a Copa do Mundo de Futebol ou mesmo as Olimpíadas, é a discussão e reprodução do falso discurso do "Legado". 
Legado é sinônimo de herança, daquilo que possa ser relevante e importante para a população usufruir e desfrutar após a realização destes eventos do grande capital. 
Mas o que sobra de fato após a realização dos jogos olímpicos? 


Qual o verdadeiro legado da Rio 2016?

Podemos antes discutir sobre o verdadeiro legado da Copa do Mundo FIFA 2014. 
Após a Copa do Mundo de Futebol no Brasil, realizada em 12 cidades sedes, o que de fato vislumbramos hoje são suntuosas arenas bilionárias completamente abandonadas, denominadas pelos próprios moradores de "elefantes brancos" que não são utilizadas sequer pelos clubes locais ou regionais em torneios de futebol. 
Este é o caso emblemático das arenas de Cuiabá (MT), Manaus (AM), Natal (RN) e Brasília (DF). 
A Arena Cuiabá não foi finalizada nem sequer para a própria realização da Copa do Mundo em 2014 e foi interditada após os jogos, ficando abandonada por vários meses. 
Em Brasília o Estádio Mané Garrincha é utilizado apenas para casamentos comunitários, shows musicais e alguns jogos do campeonato brasileiro de futebol. 
A manutenção destas arenas é caríssima e os times locais evitam realizar os jogos nestes lugares devido ao alto preço de aluguel das mesmas. 
O governo do Distrito Federal realizou a mudança de algumas secretarias de governo para o estádio a fim de tentar diminuir a ociosidade do Mané Garrincha  que foi a mais cara arena de todas as copas já realizadas, com orçamento final de cerca de R$ 1,7 bilhão. 
O próprio santuário do futebol mundial, o eterno Maracanã, cuja reforma final ficou em torno de R$ 800 milhões, foi devolvido pela construtora Odebrechet ao governo do Estado do Rio de Janeiro em 2016 sob a alegação de não estar auferindo lucros na gestão da Arena Maracanã. O próprio Estado Fluminense que encontra-se atualmente endividado, também não quer arcar com os altos custos de manutenção e deseja entregar o Maracanã como concessão aos clubes cariocas. O time do Flamengo é atualmente o mais cotado para realizar o negócio. Ou seja, mais uma área pública importante para o lazer e um símbolo nacional, construída e reformada com dinheiro público está sendo privatizada e entregue aos times de futebol, que na verdade são empresas de capital privado.
A lógica do capital é de fato construir as arenas de forma que não tenham durabilidade ou utilidade futura, somente assim pode-se destruí-las ou descartá-las em curto espaço de tempo e logo em seguida construir outras que consumam mais e mais dinheiro, a fim de darem continuidade ao ciclo de gerar sempre mais lucros aos donos do negócio, para as empreiteiras, à imobiliárias e aos políticos locais. Foi assim com as arenas do Pan-americano do Rio em 2007 que não atendiam às exigências do COI ("padrão COI") para as Olimpíadas de 2016 e foram completamente descartadas como por exemplo a pista de ciclismo do Pan 2007.
A maioria das promessas do "legado" como os de mobilidade urbana não foram construídas e muitas sequer foram finalizadas, como é o caso do VLT de Cuiabá, onde os trens foram comprados e estão hoje enferrujando aguardando o término das construções dos trilhos.
O aeroporto de Brasília até hoje, após dois anos da realização da Copa encontra-se ainda em reformas. O próprio Estádio Olímpico Nilton Santos (Engenhão) que era um legado do Pan-americano de 2007 (custo final: R$ 380 milhões) ficou abandonado por vários anos (desde março de 2013) por falta de manutenção, reparos e erros de engenharia, sendo reformado somente em virtude da realização das Olimpíadas Rio 2016 (custo da reforma: R$ 100 milhões). 
Da mesma forma podemos citar o Parque Aquático Maria Lenk também na cidade do Rio de Janeiro que foi abandonado por vários anos e reformado somente às vésperas das Olimpíadas.
Militares em sentinela em frente ao Estádio
Olímpico Nilton Santos no Rio de Janeiro
Quais foram os verdadeiros legados da Copa 2014 no Brasil  ou do Pan de 2007? 
O que de fato observamos foi o aumento assustador da repressão e da violência policial do Estado contra manifestastes e ativistas políticos. Aumentou também a judicialização e a criminalização aos movimentos sociais, com a intensificação das perseguições e prisões de manifestantes em todo o país com processos jurídicos caluniosos e ainda prisões arbitrárias. 
Houve ainda a aprovação pela então presidenta da República Dilma Rousseff (PT) em 2016 da chamada "Lei anti-terrorismo" que intensifica a perseguição do Estado contra os movimentos sociais e manifestantes, qualificando arbitrariamente as mobilizações como atos de terrorismo e tipificando seus atores como criminosos terroristas, com penas de detenção de até 30 anos de prisão sob regime fechado. 


Militares da Força Nacional no centro
do Rio de Janeiro durante as Olimpíadas
Às vésperas do início dos Jogos Olímpicos Rio 2016 e durante a realização do mesmo, várias pessoas foram presas sem apresentação de provas ou de acusações formais sob a suposição e hipótese da polícia federal de serem potenciais "terroristas amadores". 
Na verdade tais ações demonstram práticas de terrorismo de Estado no Brasil fazendo dos Mega-eventos esportivos apenas mero pretexto para tornar as leis mais rígidas e intensificar as perseguições e prisões aos trabalhadores brasileiros e assim garantir a lógica de manutenção e de reprodução do capital.


Estado de Guerra: militarização da segurança durante as Olimpíadas do Rio 2016.

Atualmente na cidade do Rio de Janeiro observamos a intensificação da militarização da segurança urbana com aumento exponencial da violência e morte de moradores pobres e negros da periferia carioca. 
A criação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP's) e a ocupação das comunidades pelas Forças Armadas sob a alegação de tentar garantir a segurança para a realização dos Mega-eventos, tem feito apenas aumentar as estatística de mortes de trabalhadores pobres da periferia por forças militares do Estado antes das realizações da Copa e das Olimpíadas.
Tais políticas não tem melhorado em nada a segurança da população carioca, apenas comprovam o total fracasso das políticas de militarização da segurança por parte do governo. Sabe-se que não é possível diminuir a violência ou a criminalidade com aparatos ou forças policiais ou militares. Somente com a diminuição das desigualdades sociais e a distribuição de renda pode-se diminuir a violência e a criminalidade urbana. Ao invés de se colocar tantos policiais e soldados fortemente armados na cidade carioca, seria necessário colocar médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, professores, palhaços, advogados, músicos, artistas e poetas nas ruas no lugar dos policiais e soldados.


Militares na Estação Olímpica
Engenho de Dentro na Rio 2016
Durante as Olimpíadas o que mais se observa hoje no Rio é uma cidade em clima de guerra, cheia de contrastes e completamente ocupada por tropas policiais e militares Uma cidade completamente sitiada por helicópteros militares, viaturas, fuzis e soldados com metralhadoras em todos os pontos da cidade. 
Cena de Guerra na Rio 2016: militarização da segurança
Enquanto a mídia nacional e internacional tentam enganosamente destacar apenas a violência de assaltantes e traficantes (até de terroristas!), destacamos aqui que a maior violência que se constata no Rio hoje é a praticada atualmente pelo Estado e também pelo Comitê Olímpico Internacional quanto à pratica de políticas higienistas, como a expulsão dos mendigos do centro e de lugares turísticos como o bairro da Lapa. 
Violência também quanto à criação das zonas de exclusão, privilegiando apenas a mobilidade da "família olímpica" no Rio e impedindo o direito da população em ir e vir. 
O meio ambiente também sofre com o "legado" olímpico, como por exemplo na construção do campo de Golfe sobre a reserva ecológica de Marapendi próximo à região da Barra da Tijuca. A promessa de despoluição da Baía da Guanabara sequer fora implementada. 
A piora na qualidade do trânsito (que também é uma importante questão ambiental) da cidade carioca com a realização das Olimpíadas causou a perda da qualidade de vida aos moradores das áreas urbanas da cidade pois o trânsito que já era uma caos no Rio, com o início das obras e construções das áreas olímpicas há vários anos antes da realização dos Jogos toda a cidade virou um caos total. Com o início das Olimpíadas o trânsito  travou na capital carioca em vários pontos, obrigando a prefeitura a decretar vários dias de feriados municipais além daqueles já programados anteriormente.

Congestionamento do trânsito em São Cristovão
 em dias de Olimpíadas no Rio (12/08/16)
Destaca-se ainda a violência dos altos preços dos ingressos que não permitem ao carioca desfrutar dos jogos realizados em sua própria cidade e ainda da violência contra os mais de 70 mil moradores que foram expulsos de suas moradias para cederem lugar às suntuosas arenas olímpicas e aos gigantescos hotéis de vidro. Observamos nas transmissões das Olimpíadas do Rio de Janeiro que as arenas esportivas não possuem a capacidade máxima de torcedores  ocupando as cadeiras. O COI informou que restam mais de um milhão de ingressos a serem vendidos quando falta uma semana apenas para o fim dos jogos. A população local não consegue adquirir os ingressos devido ao alto custo dos mesmos.
Cadeiras vazias no Estádio Olímpico Nilton Santos
durante as eliminatórias do atletismo (12/08/16)

Os horários de realização dos jogos são inacessíveis à população local pois o COI  e seus patrocinadores priorizam apenas as transmissões de TV para os países da Europa ou para os EUA, desconsiderando os horários do Brasil. Ou seja, a população brasileira não possui se quer o direito de assistir aos Jogos Olímpicos em casa pela TV. 


É ouro o preço da gasolina no Rio de Janeiro durante as Olimpíadas

Outra violência em destaque nos Jogos Rio 2016 é quanto ao descumprimento das leis trabalhistas aos mais de seis mil (6.000) trabalhadores terceirizados que prestam serviços na realização dos jogos como os atendentes, cozinheiros, garçons, motoristas, dentre outros que trabalham nas áreas internas das arenas olímpicas. As empresas que prestam serviços ao COI não registraram os trabalhadores contratados em regime de CLT, ou seja, não assinaram as carteiras dos trabalhadores conforme alegaram antes da contratação, contrariando as leis trabalhistas em vigor atualmente no Brasil. Muitos destes trabalhadores estão trabalhando mais de 13h por dia em condições insalubres e ainda sem receber os salários, caracterizando uma violação gritante das leis brasileiras.
Outro legado importante não somente para a cidade do Rio de Janeiro mas para todo o Brasil é o aumento da inflação no período de preparação e realização dos Jogos Olímpicos. Toda a população brasileira pôde acompanhar a disparada nos preços dos alimentos e também dos combustíveis nos últimos meses que antecederam as Olimpíadas Rio 2016.
O aumento exagerado nos preços da gasolina (no Rio: R$ 4,359/litro), o preço do alho, do feijão , do arroz e mais recentemente o aumento abusivo no preço da carne bovina assustaram a toda população do Brasil. Não de forma coincidente o aumento da inflação se dá justamente nos períodos de preparação e de realização dos Mega-eventos. A Copa do Mundo em 2014 no Brasil e agora as Olimpíadas provam esta matemática macabra e que tem provocado o aumento da miséria, da fome e da pobreza no país.
De fato não existe nenhum legado positivo, o que resta são heranças malditas como as já descritas anteriormente neste texto. E o pior ainda está por vir após as Olimpíadas. A maioria da população carioca ao ser questionada sobre qual o verdadeiro legado para a cidade do Rio tem dúvidas e responde que somente será possível dizer com clareza com respeito ao legado quando tudo passar: "Eu quero é ver depois das Olimpíadas". Foi a resposta de muitos cariocas entrevistados.


Posto de gasolina em Copacabana:
preços dos combustíveis super-inflacionados na Rio 2016

QUE TERMINEM RÁPIDO OS JOGOS DO CAPITAL!

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Olimpíadas no Engenho de Dentro: o povo de fora.

Estádio Olímpico Nilton Santos: na entrada as estátuas de Nilton Santos, Garrincha, Jairzinho e Zagallo.

"Quem é o dono desse beco? Quem é o dono dessa rua? De quem é esse edifício? De quem é esse lugar? É meu esse lugar. Sou carioca, pô. Eu quero o meu crachá. Sou carioca."
(Fernanda Abreu)

Uma das principais Arenas Olímpicas da Rio 2016 fica no bairro carioca de Engenho de Dentro, localizado na periferia da cidade do Rio de Janeiro. 
Entorno do Estádio Olímpico Nilton Santos
(ao fundo o museu Cidade Olímpica)
O Estádio Olímpico Nilton Santos leva o nome do maior lateral esquerdo de todos os tempos do futebol mundial, e que atuou por vários e longos anos vestindo a camisa do time carioca do Botafogo e também da seleção brasileira de futebol. Nilton Santos Consagrou-se campeão estadual várias vezes pelo Botafogo e foi também campeão mundial com a seleção brasileira em 1958 na Suécia  e em 1962 no Chile. O Apelido de Nilton Santos era  "Enciclopédia do Futebol" por ter a fama de saber tudo sobre o
futebol.
Bairro carioca de Engenho de Dentro
Rua Adolfo Bergamine em
Engenho de Dentro (Rio de Janeiro). Ao fundo o

Estádio Olímpico Nilton Santos
Ao andar pelo bairro alegre e conversar com os receptivos moradores de Engenho de Dentro é visível o descontentamento dos moradores com a realização das olimpíadas. Além de terem transformado a vida de todos em um verdadeiro "inferno", devido aos problemas de interdições e caos no trânsito nas principais ruas e avenidas do bairro com o advento dos jogos olímpicos, os moradores reclamam que os benefícios chegaram apenas ao entorno do Estádio Olímpico Nilton Santos, enquanto nas quadras circunvizinhas e no restante do bairro permanecem os altos índices de violência e a falta de assistência governamental. A maioria dos moradores reclamam que no bairro não existem locais apropriados para as práticas de esporte ou de lazer. 


Adesivo afixado nos pára-brisas dos automóveis de todos os moradores
do bairro de Engenho de Dentro para trafegarem no próprio bairro onde residem.

O Estádio Olímpico foi construído para os Jogos Pan-americanos do Rio em 2017 (na época batizado de Estádio Olímpico João Havelange) com um orçamento inicial estimado na época em torno de R$ 60 milhões, porém o custo ao final das obras foi contabilizado em R$ 380 milhões segundo a própria prefeitura do Rio de Janeiro, ou seja, uma valor mais de seis(6) vezes o valor inicial. Após a realização dos Jogos Pan-americanos do Rio, o Estádio ficou completamente abandonado por vários anos em virtude da falta de manutenção (e o total fracasso da gestão concedida ao time do Botafogo), o que provocou grandes rachaduras nas estruturas metálicas que o sustentam, obrigando a interdição e o fechamento do mesmo. Durantes estes vários anos de abandono o "Engenhão", como é popularmente conhecido, serviu de foco para criadouros de mosquitos da dengue e trouxe vários problemas para os moradores do bairro.
Escola Municipal Rio Grande do Sul
em Engenho de Dentro.
Existem no bairro várias escolas públicas (municipais e estaduais). Durante a realização dos Jogos Olímpicos a Rede Estadual de Educação encontra-se em greve, e a rede municipal está de recesso durante todo o período de realização dos jogos (para diminuir o caos no trânsito carioca durante as olimpíadas e também para tentar transformar os alunos em alvos fáceis do "consumismo olímpico"). 

Escola Municipal em Engenho de Dentro
na cidade do Rio de Janeiro
Mas andando pelo bairro observamos que a Escola Municipal Rio Grande do Sul, situada na rua Adolfo Bergamine e a Escola Municipal Londres, situada na rua Monsenhor Jerônimo, ambas localizadas a apenas três quadras do Estádio Olímpico Nilton Santos, sequer possuem quadras cobertas para a prática de aulas de Educação Física. 

Escola Municipal Londres em Engenho de Dentro
 não possui sequer uma quadra coberta
para as aulas de Educação Física
Quando chove ou quando o sol está muito quente as aulas de Educação Física ficam totalmente comprometidas, segundo os próprios moradores em entrevistas. Enquanto isso a prefeitura do Rio, juntamente com os governos Estadual e Federal gastam R$ 45 bilhões para a realização das Olimpíadas Rio 2016.
Os moradores de Engenho de Dentro reclamam também do alto preço dos ingressos das Olimpíadas Rio 2016, o que inviabiliza a participação dos mesmos como torcedores, mesmo sendo o evento Olimpíadas realizado bem em frente às suas casas. Os próprios moradores mais pobres e da periferia da cidade do Rio de Janeiro não foram sequer convidados para os Jogos Olímpicos em seu próprio bairro.
Olimpíadas para quem?

Escola Municipal Londres situada a poucas
 quadras do Estádio Olímpico Nilton Santos.
Escola Municipal localizada a poucos metros do 
Estádio Olímpico e não possui quadra de esporte coberta.


QUE TERMINEM OS JOGOS SUJOS DO CAPITAL GLOBAL!