sexta-feira, 22 de julho de 2016

O Terrorismo de Estado, Barbárie e os Jogos Olímpicos Rio 2016



Fuzileiros Navais simulam desembarque na orla do Flamengo para conter manifestações no Rio durante os Jogos Olímpicos
"O espetacular concentrado pertence essencialmente ao capitalismo burocrático (...) Onde o espetacular concentrado domina, a polícia também domina." 
                                                                          (Guy Debord)

Durante o período que antecedeu a realização da Copa FIFA 2014 no Brasil houveram várias manifestações populares e espontâneas nas ruas  de várias cidades do país. As mobilizações auto-organizadas e em massa tiveram seu ápice em junho de 2013 durante a Copa das Confederações da FIFA. Em 2013 os efeitos das políticas neoliberais (chamadas de políticas de austeridade fiscal) do governo Dilma Roussef (PT) juntamente com os altos gastos para a preparação do Mega Evento Copa 2014 provocaram o aumento do custo de vida e o empobrecimento das classes mais baixas da população. A realização de mega-eventos é capaz de gerar para o país anfitrião o aumento dos preços de produtos em geral e também da inflação, que somados aos excessivos gastos nas construções de arenas e palcos esportivos invertem as prioridades dos gastos públicos. 
Ainda em 2013 enquanto o governo gastava 30 bilhões de reais com suntuosas e descartáveis arenas "padrão FIFA" a população estava nas ruas reivindicando maiores investimentos em saúde, educação e também lutando contra o aumento das tarifas do transporte urbano. 
Em resposta o governo reagiu com forte repressão e grande força policial nas ruas, atacando manifestantes indefesos com cães, bombas de gás, balas de borracha, prisões arbitrárias e ainda judicialização e criminalização aos movimentos sociais. Vários estudantes, professores e trabalhadores em geral foram presos e torturados antes, durante e depois da realização da Copa FIFA 2014 no Brasil.

Funcionários Públicos do Estado do Rio de Janeiro realizam Assembleia Geral no centro da cidade para reivindicar os salários atrasados em 13/07/16.
Atualmente o cenário no Brasil para os Jogos Olímpicos não é diferente. Tais fatos evidenciam que o terrorismo é uma marca inerente ao próprio Estado, e que o discurso de "Estado democrático de direitos" é uma mera falácia. No capitalismo a democracia é apenas um discurso de retórica da burguesia dominante para legitimar o seu poder. Não existe democracia no capitalismo, o único direito que existe de fato é o da circulação de mercadorias.

O Terrorismo de Estado: violência e repressão policial na desocupação da Vila Autódromo no Rio de Janeiro para construção das arenas olímpicas da Rio 2016.


Terrorismo na Rio 2016: milhares de famílias são desalojadas no
Rio de Janeiro em virtude das Olimpíadas Rio 2016.

Durante a preparação para a Copa 2014 no Brasil o governo brasileiro, pressionado pelo capital internacional, tentou aprovar a chamada (ironicamente) "Lei Anti-Terrorismo" que procurava coibir e aniquilar por completo o direito de manifestações, greves e de mobilizações populares. Entretanto esta lei não fora aprovada naquele ano devido a intensa e contínua mobilização popular nas ruas (fora apenas adiada). Esta lei tipifica como ato de terrorismo qualquer forma de manifestação, seja ela pacífica ou não, enquadrando os envolvidos como terroristas e com pena de prisão que pode chegar a mais de 14 anos de cadeia em regime fechado. 

Terrorismo no Rio de Janeiro: Mendigos dormem ao relento no centro do Rio, a capital "Olímpica". Foram destinados cerca de 45 bilhões para os Jogos do Rio e milhares de moradores não tem se quer onde morar.

Terrorismo: Mendigo dorme sob a marquise do HSBC no centro do Rio.
Cadê o legado olímpico?


Afinal de contas, quem é o sujeito terrorista nesta história? Obviamente o Estado capitalista que tem como único objetivo a manutenção do sistema produtor de mercadorias e a reprodução da exploração sobre a classe trabalhadora. A violência e a repressão policial formam o instrumento mais eficaz do Estado a fim de garantir a preservação da propriedade privada e o direito das classes altas na contínua exploração sobre as classes trabalhadoras.




Terrorismo: preço do leite no Estado do Rio de Janeiro - R$ 4,49.

Na capital fluminense milhares de famílias foram expulsas de suas residências em virtude das desocupações provocadas pela forte especulação imobiliária promovida pelos mega eventos Copa do Mundo FIFA 2014 e Olimpíadas 2016. O caso mais emblemático foi a retirada a força de moradores da Vila Autódromo com uso de tropa de choque e violência policial para construção das arenas olímpicas da Rio 2016. (ver fotos acima).
Atualmente na cidade do Rio de Janeiro, também como consequência do mega evento olimpíadas a inflação na cidade assume números alarmantes, puxando a alta dos preços dos alimentos e aluguéis. O litro de leite, por exemplo, está sendo vendido a R$ 4,50, sofrendo aumento de mais de 50% nos últimos trinta dias. Como se não bastasse, no dia 21/07/16, o Banco Central manteve a taxa de juros anual no Brasil em 14,25%, fazendo subir ainda mais o custo de vida no país. Contraditoriamente os gastos com as Olimpíadas já chegam a cifra de 45 bilhões de reais e os professores e funcionários públicos do Estado do Rio de Janeiro estão há cerca de 3 meses sem receber os salários. Qual o nome que se dá a isso tudo? TE-RRO-RIS-MO!


Estado Policial nas olimpíadas do Rio: Polícia para quem? Para os trabalhadores!
As Forças Armadas, a Guarda Nacional e a Polícia Militar carioca se organizam conjuntamente para deter não os terroristas do E.I., mas sim os movimentos sociais brasileiros que podem atrapalhar a imagem dos jogos e também os lucros do COI, Coca-Cola, Samsung, Bradesco, MacDonalds, Hyundai e os demais patrocinadores dos Jogos Rio 2016. Prova disso foi o desembarque de 80 soldados das tropas de fuzileiros navais na orla do Flamengo no último dia 19 de julho, simulando uma ação anti-protesto na "Cidade Maravilhosa". (ver a primeira foto acima)
Na madrugada de hoje (22/07/16) a Polícia Federal, para dar continuidade ao terrorismo de Estado e ao espetáculo midiático olímpico da Rio 2016 prendeu várias pessoas, entre elas professores, estudantes e trabalhadores acusados de terrorismo apenas por entrarem em sites islâmicos ou por postarem fotos com armas de paintball no facebook. O Estado terrorista no Brasil prende aleatoriamente pessoas sem provas de crimes ou qualquer outro fato que ligue tais sujeitos à organizações criminosas ou ações terroristas internacionais, para justificar apenas uma pseudo-segurança no país e garantir os grandes lucros da indústria do turismo e dos mega-eventos internacionais.
Na verdade este show midiático faz parte de um plano estratégico para justificar o Estado de Polícia no Rio de Janeiro e também os excessivos gastos com os aparatos repressivos, criando uma verdadeira teoria da conspiração (paranoia) sobre a população, tentando desviar o foco da discussão sobre o Terrorismo do Estado, objetivando inculcar na mente dos brasileiros que o terrorista não é o Estado mas sim as pessoas supostamente ligadas ao E.I. Os fatos demonstram que para o Estado Policial o verdadeiro inimigo a ser combatido é justamente a classe trabalhadora, não os terroristas distantes de outro continente. Na visão do Estado capitalista esta classe pobre necessita ser reprimida e contida pela força e pela violência do próprio Estado.


Terrorismo: transporte público  sempre lotado no Rio de Janeiro (VLT em 21/07/16)

O grande problema atual é que a "Lei Anti-Terrorismo" aprovada ainda no governo Dilma Roussef (PT) em 2016 já está em vigor e potencializa ainda mais a violência do Estado contra cidadãos e trabalhadores que queiram se manifestar contra o atual quadro de barbárie e injustiças imposto pelo grande capital. O legado olímpico será mais criminalização e judicialização aos movimentos sociais e prisão de trabalhadores, grevistas e professores.
Terrorista é o Estado que mantém a ordem capitalista em detrimento da liberdade e direitos dos trabalhadores.

QUE COMECEM OS JOGOS!


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